Nossa Senhora de Walsingham
(Inglaterra)
(1061)
O santuário nacional de Nossa Senhora, para os ingleses, é o de Walsingham,
ponto central da veneração de Maria Santíssima na Ilha. Sua história está
intimamente ligada à da Igreja católica na Inglaterra.
O que deu origem ao título e à veneração de Nossa Senhora de Walsingham foi
uma visão que teve Richeldis de Faverches.
A esta senhora, apareceu a Mãe de Deus conduzindo-a em espírito a sua
casinha de Nazaré, perto da qual lhe recomendou que tomasse as medidas exatas
de sua casa, para que pudesse ser edificada em Walsingham uma casa semelhante.
Mas só depois que a aparição se repetiu três vezes, Richeldis começou alegremente
a dar cumprimento ao desejo de Nossa Senhora.
Segundo John Belland, pesquisador do século XVI, esses acontecimentos se
deram no ano de 1061.
O filho de Richeldis, Geoffrey de Faverches, deixou como seu substituto, antes de
sua peregrinação à Terra Santa, o capelão Edvoy, dando-lhe a incumbência de erigir
um convento em suas terras e confiar a “Santa Casa” à proteção de uma ordem
religiosa. A essa ordem seria também conferido o padroado da igreja de Todos os
Santos.
Essas incumbências foram ratificadas por Richard de Clare, duque de
Gloucester, sucessor de Geoffrey.
De 1146 a 1174, encarregaram-se do convento os cônegos agostinianos, que
ficaram sendo também os guardas da “Santa Casa” até a destruição do convento e
a proibição das peregrinações na Inglaterra.
Diz a tradição que, quando Richeldis tratou de começar a construção da “Santa
Casa” viu, certa manhã, com espanto, olhando para um prado, dois pedações
planos de terreno misteriosamente não atingidos pelo orvalho, e esses dois planos
correspondiam exatamente às dimensões dos alicerces da casa de Nazaré que
Richeldis havia medido em sua visão. Entretanto, quando ela fazia começar a
construção num daqueles lugares assinalados, que ficavam na proximidade de duas
fontes, sobrevinham singulares acontecimentos que estorvavam ou retardavam os
trabalhos iniciados. Tudo falhava, e ninguém mais acreditava que a capela fosse
algum dia acabada.
Mas Richeldis voltou-se aflita para a Mãe de Deus, pedindo-lhe auxílio e
proteção para sua obra, e eis que, na madrugada de uma noite de oração fervorosa
e confiante, seu pedido é satisfeito de modo maravilhoso: Richeldis encontra o
santuário (a “Santa Casa”) muito bem construído a 200 pés de distância do lugar em
que tinham começado a construí-lo.
A esse grande milagre uniram-se muitas curas maravilhosas e o livramento dos
mais variados perigos e necessidades.
A fama de Walsingham como lugar de graças extraordinárias espalhou-se
rapidamente, e começaram a afluir peregrinos de toda parte.
Ao longo das estradas por onde passavam as peregrinações, foram erigidas de
espaço a espaço capelas e outros lugares de oração. Duas capelas ainda existem:
uma fica em King’s Lynn e é denominada Capela de Nossa Senhora da Colina
Vermelha. A outra, situada em Honghton-in-the-Dale, é dedicada a Santa Catarina
de Alexandria e conhecida por “Capela dos chinelos”, porque aí os peregrinos
tiravam os sapatos, continuando o trajeto descalços.
Já muito antes da extinção deste lugar de culto católico por ordem do
Cromwell, no ano de 1538, tinha começado o calvário de Walsingham, depois de ter
o culto católico florescido durante três séculos naquele lugar bendito.
Mais ou menos trezentos anos depois da destruição da imagem milagrosa de
Walsingham, começou o movimento de Oxford, que visava ao reflorescimento da fé
católica na ilha. Com esse movimento, foi renascendo pouco a pouco a veneração
da Santíssima Virgem Maria. Com esse objetivo, uniram-se os veneradores de Nossa
Senhora em 1848; em 1880 nasceu a Confraria das Filhas de Maria; em 1904, a Liga de
Nossa Senhora, e nos anos seguintes muitas outras organizações semelhantes.
Em 1921, resolveram mandar fazer uma cópia da antiga imagem, e, como a
antiga capela estava ainda como a tinham deixado depois da pilhagem, colocaram
a imagem na igreja paroquial.
Poucos anos depois, a necessidade de aumentar a igreja fez reconstruírem a
“Santa Casa” segundo o modelo e o tamanho da primitiva, encerrando-a, porém,
numa construção maior.
Nossa Senhora de Walsingham é o título de Nossa Senhora mais amado e
invocado na Inglaterra, sendo inúmeras as graças concedidas pela Mãe de Deus aos
fiéis devotos, bem como as conversões e curas milagrosas